A confirmação do novo acordo comercial entre União Europeia e Estados Unidos, anunciada nesta quarta-feira, provocou forte reação de entidades do campo europeu. A central de cooperativas agrícolas Copa-Cogeca afirmou que o entendimento, resultado da escalada tarifária imposta pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump, não traz benefícios para os produtores do bloco.
Segundo a organização, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, havia mencionado na Escócia a possibilidade de acordos “zero por zero” em tarifas para determinados produtos agrícolas. No entanto, a declaração conjunta divulgada hoje não contempla qualquer alívio para exportadores europeus.
Os agricultores citam como exemplo o setor de vinhos e bebidas destiladas: havia expectativa mínima de redução de tarifas, apoiada por partes interessadas dos dois lados do Atlântico, mas o pleito não foi atendido. De acordo com a Copa-Cogeca, o pacto garante melhor acesso de produtos agroalimentares dos EUA ao mercado europeu, enquanto as vendas da UE continuarão sujeitas a tarifas de 15% nos Estados Unidos.
Concorrência externa
Além do aumento de custos e das exigências regulatórias internas, produtores da UE alertam para a desvantagem adicional frente a países concorrentes. Australia e Argentina seguirão pagando tarifas de 10% para acessar o mercado norte-americano, percentual inferior ao aplicado aos europeus. O documento lembra que a Argentina, liderada por Javier Milei, aliado de Trump, mantém a alíquota básica, enquanto o Brasil enfrenta tarifa de 50%.
“Trata-se de um resultado unilateral injustificado e profundamente prejudicial”, avaliou a Copa-Cogeca, acrescentando que o setor agrícola europeu “está sendo pressionado a aceitar termos comerciais mais fracos, enquanto os EUA colhem novas vantagens”.
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Próximos passos
A entidade pediu que a Comissão Europeia retome as negociações para reduzir as tarifas sobre as principais exportações agrícolas do bloco e publique, com urgência, uma avaliação de impacto que inclua análise detalhada de efeitos de substituição no mercado. Apesar do foco atual nos Estados Unidos, os produtores reforçaram a oposição ao acordo entre UE e Mercosul.
Com informações de Globo Rural
