São Paulo – O embaixador Roberto Azevêdo, ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), defendeu que empresas brasileiras, especialmente do agronegócio, assumam papel mais ativo na formação de alianças internacionais para complementar a diplomacia oficial. A declaração foi feita nesta segunda-feira, 11 de agosto de 2025, durante palestra no Congresso Brasileiro do Agronegócio, organizado pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e pela B3.
Azevêdo afirmou que o cenário geopolítico atual trocou o multilateralismo pelo unilateralismo, com governos mais polarizados e organismos internacionais enfraquecidos. Segundo ele, esse “novo normal” exige maior engajamento do setor privado para defender interesses econômicos no exterior.
O ex-diretor da OMC destacou que o protecionismo contemporâneo ultrapassa tarifas e barreiras comerciais, incorporando temas trabalhistas e ambientais de grande apelo social. Nesse ambiente, observou, o agronegócio brasileiro tende a enfrentar resistências tanto de produtores estrangeiros, preocupados em perder mercado, quanto de consumidores que veem ameaça ao próprio tecido social.
Para o diplomata, a produção agrícola tropical do Brasil reúne qualidade, escala e competitividade, características que o diferenciam de outros países e, ao mesmo tempo, complicam a construção de parcerias estratégicas. “Precisamos de alianças mais inteligentes”, disse, ao pedir que o setor privado não espere apenas iniciativas estatais.
Azevêdo ainda ressaltou que agricultura e pecuária tropicais podem contribuir para segurança alimentar, energética e para a mitigação das mudanças climáticas. Ele sugeriu que nações de clima semelhante se unam para definir métricas de sustentabilidade que reflitam a realidade de seus sistemas produtivos.

Imagem: Sandra Blaser Azevedo via globorural.globo.com
O evento que reuniu lideranças empresariais, produtores e autoridades ocorreu na sede da B3, na capital paulista.
Com informações de Globo Rural