Produtores de banana de dez Estados, acompanhados por entidades como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Confederação Nacional dos Bananicultores (Conaban), Associação dos Bananicultores do Norte (Abanorte), Associação Brasileira dos Varejistas de Hortifrutigranjeiros (Abavar) e Federação Brasileira dos Bananicultores (Febanana), solicitaram ao governo federal que reveja a decisão de permitir a entrada gradual de banana equatoriana no País.
O pedido foi apresentado na terça-feira (30) durante reunião com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira. O grupo quer que o Ministério refaça a análise de risco de pragas antes de liberar a importação, programada para alcançar até 100 mil toneladas em dois anos.
Temor de pragas ausentes no Brasil
Hilda Loschi, diretora técnica da Abanorte, apontou a presença no Equador do fungo Fusarium oxysporum f. sp. cubense raça tropical 4 (TR4), ausente no território brasileiro. Segundo ela, o patógeno pode ser transportado na polpa da fruta ou nas embalagens, exigindo quarentena rígida e podendo causar perda total nas lavouras afetadas. A variedade Cavendish — base das cultivares prata e nanica, majoritárias no País — seria a mais vulnerável.
A diretora lembrou que a Embrapa desenvolve material genético de banana prata tolerante à TR4, mas ainda não há resistência para a banana nanica. Entre outras ameaças citadas estão o vírus mosaico das brácteas (Banana bract mosaic virus) e o Moko da bananeira (Ralstonia solanacearum), este último presente apenas em algumas áreas do Norte e Nordeste brasileiros.
Impacto socioeconômico
O Brasil abriga cerca de 200 mil bananicultores, mais de 80% deles agricultores familiares, responsáveis por 2 milhões de postos de trabalho, conforme a CNA. Em 2024, a produção nacional alcançou 7,05 milhões de toneladas, cultivadas em 470 mil hectares, gerando R$ 16,1 bilhões. São Paulo, Bahia, Minas Gerais e Santa Catarina lideram o ranking estadual.
A Conaban calcula que uma eventual disseminação de novas doenças pode provocar perdas anuais de até R$ 2 bilhões e afetar em torno de 500 mil famílias.
Imagem: Divulgação Fag
Posicionamento do governo
O ministro Carlos Fávaro afirmou que não há registro de TR4 no Equador e garantiu que o processo de avaliação fitossanitária será rigoroso. “O sistema sanitário brasileiro é robusto e já superou diversos desafios”, disse. Ele acrescentou que, se houver risco de pragas quarentenárias, a abertura não ocorrerá.
Paulo Teixeira destacou que, paralelamente às medidas de defesa, o governo pretende ampliar oportunidades de exportação para a banana brasileira, buscando ampliar espaço tanto no mercado interno quanto externo.
Com informações de Globo Rural
