Os investimentos em fábricas de combustível sustentável de aviação (SAF) no Brasil, aguardados para apresentação ainda neste ano, ficaram paralisados após a posse do republicano Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. A mudança no cenário internacional encurtou o prazo para que o país atinja a meta de 1% de mistura de SAF no querosene de aviação até 2027, prevista na Lei Combustível do Futuro.
Em chamada pública lançada no ano passado, BNDES e Finep receberam 25 propostas de plantas de SAF que totalizam potencial de investimento de R$ 99 bilhões. A expectativa era formalizar esses projetos no primeiro semestre de 2025, mas nenhuma iniciativa foi apresentada, informou Mauro Mattoso, chefe do departamento de biocombustíveis do BNDES, durante evento da consultoria Datagro.
Para evitar novo atraso, o banco de fomento negocia a formação de consórcios entre as empresas interessadas, permitindo que cada investidor assuma participação menor e comprometa menos capital. Mattoso adiantou que a BNDESPar deverá ingressar como acionista nos empreendimentos, medida destinada a reduzir a percepção de risco provocada pelos desincentivos ao mercado de renováveis promovidos pelo governo Trump.
“As empresas sozinhas não vão conseguir fazer esses investimentos”, afirmou o executivo, que defendeu maior apoio do banco à rota de produção de SAF a partir de etanol.

Imagem: Marcelo Camargo
A mesma chamada pública recebeu também 18 propostas para produção de biobunker — combustível marítimo sustentável — somando R$ 35 bilhões. Contudo, o avanço da regulamentação que permite o uso direto de etanol em navios fez com que essa alternativa perdesse espaço, acrescentou Mattoso.
Com informações de Globo Rural
