A China, principal compradora global de soja, vem substituindo o produto norte-americano pelo sul-americano — sobretudo o brasileiro — e provocando perdas expressivas ao setor agrícola dos Estados Unidos.
Participação em queda
Em 2016, os EUA abasteciam 41% das importações chinesas de soja; em 2024, essa fatia recuou para aproximadamente 20%. Entre janeiro e julho de 2025, o Brasil embarcou 42,26 milhões de toneladas para o mercado chinês, enquanto os norte-americanos venderam 16,57 milhões de toneladas.
Compras antecipadas
Para outubro, a China já assegurou cerca de 7,4 milhões de toneladas, volume quase integralmente proveniente do Brasil e de outros países sul-americanos — o equivalente a 95% da demanda prevista para o mês. Para novembro, os contratos somam perto de 1 milhão de toneladas, apenas 15% do volume normalmente esperado. No mesmo mês de 2024, os chineses haviam reservado entre 12 e 13 milhões de toneladas de soja dos EUA.
Motivos da mudança
O deslocamento da demanda é atribuído a:
- Tarifas retaliatórias impostas por Pequim sobre a soja norte-americana, que encarecem o produto em relação aos concorrentes sul-americanos.
- Estagnação nas negociações comerciais entre Washington e Pequim, gerando incerteza sobre novos contratos.
- Expansão da produção brasileira, aliada a melhorias logísticas e acordos comerciais que tornam o país fonte confiável para a China.
Consequências para os EUA
Produtores norte-americanos já enfrentam:
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- Perda de receita, com estoques sem comprador durante o período de pico de comercialização.
- Queda nos preços futuros em Chicago, próximos das mínimas de cinco anos.
- Risco financeiro maior para pequenas propriedades, que dependem das exportações para honrar custos fixos e dívidas.
- Pressão política em estados agrícolas, como Minnesota, onde agricultores buscam auxílio federal diante da falta de contratos confirmados para a nova safra.
Especialistas alertam que, caso as tarifas permaneçam e as tratativas comerciais sigam travadas, os produtores dos Estados Unidos terão de diversificar destinos ou enfrentar perdas cada vez maiores.
Com informações de Canal Rural
