Brasília — O vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Gedeão Pereira, afirmou que o Brasil enfrenta obstáculos nas conversas com os Estados Unidos para reduzir a tarifa aplicada às exportações nacionais. Segundo ele, a tensão precisa ser superada para que o agronegócio mantenha acesso irrestrito aos principais destinos comerciais.
“Estamos percebendo muita dificuldade nas negociações. A origem desse problema é complexa e envolve a posição geopolítica do Brasil, algo que não agrada aos produtores”, declarou Pereira a jornalistas.
O dirigente enfatizou que o país não pode abrir mão de nenhum parceiro relevante, citando Estados Unidos e China como exemplos. “Só continuaremos sendo uma potência agrícola se estivermos presentes em todos os mercados. Quando escolhemos um lado, o prejuízo recai sobre o setor”, disse.
Na condição de presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Pereira avaliou que o chamado “tarifaço” norte-americano atinge principalmente a indústria gaúcha, mas também pesa sobre produtores de tabaco e pecuaristas.
Mesmo com o cenário adverso, ele acredita que surgirão oportunidades para a carne bovina brasileira caso as vendas aos EUA sejam inviabilizadas. “Se deixarmos de exportar, outros fornecedores — como Uruguai, Argentina, Austrália e Nova Zelândia — ocuparão espaço no mercado americano. Ao deslocarem parte da produção, abrirão lacunas em outros destinos que o Brasil poderá suprir”, explicou.

Imagem: Wenderson Araujo via globorural.globo.com
Pereira reconheceu, contudo, que qualquer reacomodação comercial traz efeitos negativos no curto prazo. “Essas mudanças devem ocorrer, mas, num primeiro momento, prejudicam o país como um todo”, concluiu.
Com informações de Globo Rural