O mercado brasileiro de fertilizantes deverá fechar 2025 com volume entre 46 milhões e 46,5 milhões de toneladas, avanço sobre 2024, porém abaixo da estimativa de 48 milhões de toneladas feita no início do ano. O balanço foi apresentado pela Yara Brasil nesta segunda-feira (1º/12), em evento na cidade de São Paulo.
Fatores que limitaram o crescimento
Segundo a companhia, o ritmo de expansão perdeu força devido ao adiamento de compras, à redução de aplicações em áreas afetadas por condições climáticas — sobretudo no Sul — e à rentabilidade mais apertada dos produtores de grãos.
Depois da safra recorde de 338 milhões de toneladas de grãos colhida em 2024, houve demanda adicional para repor nitrogênio no solo. Ainda assim, o consumo anual foi revisto para baixo. “Nossa estimativa interna indica alta de 3% a 4% no pipeline de produtos para nutrição vegetal”, afirmou Marcelo Altieri, CEO da Yara Brasil.
Guilherme Schmitz, vice-presidente de Agronomia e Marketing, ressaltou que preços desfavoráveis, margens menores e o clima provocaram sucessivas correções nas expectativas ao longo do ano.
Projeção para 2026
Para 2026, a Yara trabalha com um mercado entre 48 milhões e 48,5 milhões de toneladas. O avanço deverá ser puxado por café, hortifrúti e cana-de-açúcar, enquanto o segmento de grãos tende à estabilidade. “A rentabilidade não é tão boa quanto em 2019, 2020 e 2021, mas o agricultor continua investindo em tecnologia”, avaliou Schmitz.
Mudanças no portfólio de produtos
O tipo de fertilizante utilizado também mudou em 2025. O consumo de sulfato de amônio aumentou entre 45% e 48%, impulsionado pela competitividade do produto chinês, enquanto a ureia, de maior concentração, registrou leve recuo.
Nos fosfatados, cresceram as importações de produtos de menor solubilidade, como alguns NP de origem chinesa e o super simples. O volume maior não se traduziu em ganho proporcional de nutrientes, o que pode afetar a produtividade. “Solubilidade de 75% a 85% em água é o ideal; abaixo de 60% já há prejuízo. Com 50%, a soja pode perder 10 sacas por hectare”, alertou Schmitz.
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Empresas do setor, o Sinprifert e a ANDA discutem com o Ministério da Agricultura formas de ampliar a transparência sobre concentração e solubilidade, tendência que deve continuar em 2026 diante das margens apertadas para a soja.
Fertilizantes de baixo carbono
A Yara planeja quadruplicar, entre 2025 e 2026, o volume de seu portfólio de produtos de baixo carbono, estendendo a oferta a culturas como citros, milho, cevada e cana-de-açúcar. Atualmente, há parcerias em andamento com cadeias de café, cacau e batata, mas a empresa não divulga números.
A principal barreira é a oferta de energia renovável. Embora as unidades industriais já estejam aptas a operar com biometano — em Cubatão, 3% do gás consumido provém dessa fonte desde 2024 — a logística limita o abastecimento. Altieri defendeu a construção de gasodutos para conectar regiões produtoras de biometano aos polos consumidores e pediu regras mais claras para viabilizar os investimentos.
A companhia calcula que o uso de fertilizantes de baixo carbono elevaria os preços dos alimentos em menos de 1% a 3%, percentual que, segundo o executivo, deve ser diluído ao longo da cadeia.
Com informações de Globo Rural
