O governo federal trabalha para anunciar, ainda esta semana, um plano de contingência destinado a minimizar os efeitos das novas tarifas impostas pelos Estados Unidos, que atingem 35,9% das exportações brasileiras destinadas ao mercado norte-americano.
As sobretaxas, que podem chegar a 50%, afetam principalmente carnes, frutas, calçados, pescados, mel, produtos siderúrgicos e eletroeletrônicos produzidos sob encomenda. A perda imediata de competitividade ameaça provocar demissões, fechamento de fábricas e cancelamento de contratos.
Principais medidas previstas
Fontes do Palácio do Planalto e do Ministério da Fazenda indicam quatro frentes de atuação:
• Crédito emergencial – linhas com juros subsidiados, prazos estendidos e período de carência para empresas exportadoras atingidas.
• Compras públicas – aquisição governamental, sobretudo de itens perecíveis, para reduzir estoques e evitar prejuízos diretos.
• Proteção ao emprego – apoio financeiro a companhias que mantiverem os trabalhadores por um prazo mínimo.
• Compensações tributárias – devolução de tributos a pequenos e médios exportadores, já autorizada pela lei do programa Acredita Exportação em vigor desde 1º de agosto.
O nível de apoio será definido conforme a exposição de cada setor. Produtos quase totalmente destinados aos EUA, como o atum, terão prioridade maior que aqueles com mercados mais diversificados, caso da tilápia.
Ações diplomáticas e jurídicas
Além das medidas econômicas, a ApexBrasil abrirá um escritório em Washington para ajudar empresas brasileiras a buscar novos compradores e pleitear isenções junto ao governo norte-americano. Paralelamente, o Brasil prepara contestação na Organização Mundial do Comércio (OMC), alegando violação aos princípios do livre comércio.
Articulação política
Em declarações públicas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou as tarifas como injustas e afirmou que a resposta será de apoio a empresas e trabalhadores, sem hostilidade. O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, disse que o plano será “rápido, calibrado e eficaz”, sem criar subsídios permanentes.

Imagem: SEI-BA via canalrural.com.br
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, entregou a proposta ao presidente na quarta-feira (6) e estuda publicar o pacote por meio de Medida Provisória para agilizar a vigência.
Medidas nos estados
Governadores de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul e Ceará anunciaram programas locais que incluem linhas de crédito, utilização de créditos de ICMS como garantia e compras públicas estaduais para escoar produção.
Impacto imediato
Desde a entrada em vigor das tarifas, frigoríficos, indústrias calçadistas e cooperativas de frutas relatam interrupção de embarques e renegociações com importadores. Empresas que produzem eletrônicos e autopeças sob medida para o mercado norte-americano estão entre as mais vulneráveis.
No centro das preocupações do governo está a possibilidade de um efeito dominó: queda nas exportações, aumento do desemprego e enfraquecimento da base industrial do país. O plano de contingência busca impedir esse cenário e garantir fôlego às empresas enquanto se desenvolvem estratégias de diversificação de mercados.
Com informações de Canal Rural