São Paulo – Responsável por parte das pesquisas que levaram ao lançamento de três fungicidas da Sumitomo Chemical entre 2020 e 2024, o japonês Yuichi Matsuzaki esteve no Brasil para discutir caminhos contra a resistência de patógenos nas lavouras. O pesquisador sênior do Laboratório de Pesquisa Agro & Life Solutions da multinacional afirmou que, apesar dos avanços tecnológicos, a erradicação de doenças causadas por fungos ainda não é viável, sendo possível apenas mitigar seus danos.
Fungos representam 80% das doenças em plantas
Doutor pela Universidade de Tóquio, Matsuzaki lembrou que os fungos respondem por cerca de 80% das doenças que afetam culturas agrícolas, enquanto vírus e bactérias ficam, cada um, com aproximadamente 10%. Entre as enfermidades mais preocupantes, o pesquisador destacou a ferrugem, incluindo a ferrugem da soja, descrita por ele como “prejudicial e silenciosa”.
Inovação contínua e combinação de tecnologias
A Sumitomo Chemical pretende colocar no mercado pelo menos mais dois fungicidas até 2030. Segundo Matsuzaki, renovar moléculas é imprescindível para enfrentar mutações que tornam patógenos resistentes aos produtos existentes. Ele defendeu o uso integrado de defensivos químicos e biológicos, ressaltando que algumas startups vêm se destacando na área de bioinsumos.
Impacto do clima e importância do manejo
O pesquisador apontou que invernos mais quentes, verificados em várias regiões do planeta, tendem a ampliar populações de patógenos e, consequentemente, o risco de surgirem variantes resistentes. Para reduzir essa pressão, ele recomenda combinar fungicidas com práticas como rotação de culturas.
Custo e tempo de desenvolvimento
Matsuzaki estimou que criar uma nova molécula leva cerca de dez anos e exige investimentos próximos a US$ 300 milhões. Embora tecnologias como inteligência artificial e robótica possam baratear etapas do processo, o especialista não vê mudanças significativas no prazo total devido às exigências regulatórias.

Imagem: Rogério Albuquerque via globorural.globo.com
Educação e adoção de novas práticas
O cientista enfatizou a relevância da capacitação de agrônomos e produtores para o uso correto dos defensivos. Ele elogiou a abertura dos agricultores brasileiros a novas soluções e disse que a cooperação entre campo, pesquisadores e indústria é fundamental para a sustentabilidade da produção.
Com informações de Globo Rural