Os mercados futuros de commodities agrícolas registraram movimentos contrastantes em outubro. Enquanto suco de laranja, cacau, açúcar, trigo e algodão recuaram, soja, café e milho subiram, influenciados por expectativas de safra, ritmo de consumo e fatores geopolíticos.
Suco de laranja lidera as baixas
Na bolsa de Nova York, o valor médio dos contratos de segunda posição de suco de laranja caiu 17,9% em relação a setembro, para US$ 2,021 por libra-peso. Analistas apontam oferta maior de laranja no Brasil e demanda global menor — consumo nos Estados Unidos e na Europa diminuiu cerca de 8%, segundo Andrés Padilla, do Rabobank.
Cacau acompanha tendência de queda
Os contratos de segunda posição de cacau recuaram 15,5%, fechando outubro a US$ 6.142 por tonelada. A retração reflete menor tração da indústria e a expectativa de safra ligeiramente maior no Oeste da África, informa Lucca Bezzon, da StoneX. Levantamento da consultoria indica moagem de 792 mil toneladas no terceiro trimestre, 12,9% abaixo do mesmo período do ano anterior.
Açúcar é pressionado por projeção de superávit
No mesmo período, o açúcar caiu 7,81%, para 15,10 centavos de dólar por libra-peso. O Rabobank prevê que a safra 2025/26 deve registrar superávit global entre 2 e 4 milhões de toneladas, após déficit em 2024/25. A expectativa de produção maior em Índia, Tailândia e Brasil aumenta a oferta, observa Andy Duff, estrategista do banco.
Café mantém leve alta
Após fortes oscilações, o café arábica avançou 0,21% e encerrou outubro em US$ 3,7291 por libra-peso. A rolagem de posições de dezembro para março intensificou a volatilidade, comenta Gil Barabach, da Safras & Mercado. Indústrias dos EUA pressionam o governo a retirar a sobretaxa de 50% aplicada ao produto brasileiro, medida que pode influenciar as cotações em novembro.
Soja avança com sinal verde da China
Em Chicago, a soja ganhou 1,34%, alcançando US$ 10,5209 por bushel. O impulso veio da decisão de Pequim de comprar 12 milhões de toneladas do grão norte-americano até dezembro e 25 milhões por ano pelos próximos três anos. Ainda assim, o Brasil deve continuar fornecendo cerca de 60 milhões de toneladas anuais ao mercado chinês, afirma Luiz Carlos Pacheco, da TF Consultoria Agroeconômica.
Imagem: Mauricio Tetto
Milho sobe; trigo recua
O milho terminou outubro com alta de 0,41%, cotado a US$ 4,3947 por bushel, apoiado na demanda extra gerada pela chegada antecipada do inverno no Hemisfério Norte, segundo Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. Já o trigo registrou leve queda, pressionado por oferta global abundante, apesar de preocupações pontuais com clima seco nos Estados Unidos no fim do mês.
Algodão cede, mas cenário pode mudar
Os preços do algodão recuaram em Nova York diante da oferta elevada e do consumo fraco. Fernando Berardo, da Barchart, ressalta que restrições dos EUA ao petróleo russo encarecem fibras sintéticas, podendo sustentar a pluma nos próximos meses. Soma-se a previsão de queda de 2% na produção mundial da próxima safra e expectativa de juros mais baixos nos EUA.
Octubre encerrou com direções opostas entre as principais commodities agrícolas, refletindo o equilíbrio delicado entre oferta, demanda e fatores políticos.
Com informações de Globo Rural
