A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) detalhou, no 76º Congresso Internacional de Astronáutica (IAC 2025), em Sydney, Austrália, o experimento que levou plântulas de batata-doce e 300 sementes de grão-de-bico a bordo do voo suborbital New Shepard-31, da Blue Origin, realizado em abril.
O estudo integra a Rede Space Farming Brazil, que reúne instituições brasileiras e estrangeiras interessadas em agricultura espacial. O trabalho foi conduzido em parceria com a Agência Espacial Brasileira, centros de pesquisa dos Estados Unidos e empresas privadas responsáveis pela integração da carga científica ao foguete.
Preparo do material
As plântulas de batata-doce, fornecidas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, foram cultivadas sob condições padronizadas de luz, temperatura, umidade e nutrientes para garantir uniformidade. Depois de preparadas em ambiente asséptico, seguiram para a Winston-Salem State University (WSSU), onde a montagem pré-voo foi concluída. Três dias antes do lançamento, o material chegou ao local de decolagem.
Condições em órbita e controle
No espaço, as amostras foram expostas a microgravidade e radiação. Pontos de coleta definidos permitiram a fixação química de tecidos para preservar RNA, proteínas e metabólitos. Dosímetros acompanharam tanto as amostras em voo como os controles mantidos em solo, possibilitando a medição da dose de radiação em cada ambiente.
Pós-voo
Após o retorno, as plantas foram refrigeradas no Laboratório de Astrobotânica da WSSU para análises moleculares e histológicas. Parte do material seguiu para o Brasil, onde foi congelado para transporte seguro e estudos complementares pela Embrapa.
Sementes de grão-de-bico
As 300 sementes transportadas no mesmo voo serão germinadas em condições controladas pela Embrapa. Serão avaliados taxa de germinação, alongamento radicular, altura dos brotos e acúmulo de biomassa, além de eventuais anomalias morfológicas decorrentes da radiação espacial.
Imagem: Paula Rodrigues
Objetivos científicos
Coordenadora da Rede Space Farming Brazil e coautora do estudo, a pesquisadora Alessandra Fávero destaca que microgravidade e radiação causam estresse às plantas, afetando fisiologia e genética. “Precisamos compreender essas alterações para desenvolver culturas resilientes”, afirmou no congresso. A pesquisa pretende mapear modificações transcricionais e genéticas causadas pelo ambiente espacial, contribuindo para futuros habitats agrícolas fora da Terra.
Com a apresentação no IAC 2025, a equipe reforça a meta de gerar dados empíricos que apoiem missões da Nasa e amplie a cooperação entre entidades públicas e privadas na área de agricultura espacial.
Com informações de Canal Rural