São Paulo – O empresário Maurilio Biagi Filho, um dos protagonistas do Programa Nacional do Álcool (Proálcool), afirmou que o governo federal envia “sinais trocados” ao tratar da descarbonização dos transportes.
Biagi Filho listou três movimentos recentes que, na sua avaliação, mostram falta de foco: a aprovação para perfuração de um poço de petróleo na Margem Equatorial, o compromisso internacional de quadruplicar a produção de combustíveis renováveis e os incentivos fiscais concedidos a montadoras de veículos elétricos.
Recuo em acordo global
Segundo o empresário, o ápice da incoerência ocorreu nesta semana, quando o Ministério dos Transportes aderiu a um acordo que previa a adoção exclusiva de caminhões e ônibus elétricos até 2040, mas voltou atrás no dia seguinte, sem contemplar alternativas como o biometano.
Referência ao Proálcool
O Proálcool completa 50 anos nesta sexta-feira (14). Biagi Filho, que expandiu o grupo Santa Elisa e comandou a fabricante de equipamentos Zanini durante o programa, comparou o cenário atual com o dos anos 1970. Para ele, as decisões à época eram mais ágeis porque o governo tinha “maior controle” sobre a política de biocombustíveis.
Hoje, embora iniciativas como o RenovaBio coloquem a questão ambiental no mesmo patamar da balança de pagamentos, o empresário defende que ambas continuem caminhar juntas. “A questão do aquecimento global é econômica”, resumiu.
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Críticas ao foco em veículos elétricos
As medidas de incentivo ao carro elétrico são o que mais incomodam Biagi Filho. Ele questionou a opção do governo de usar apenas veículos elétricos para o transporte de autoridades durante a COP 30, que ocorrerá em Belém. “Como um país como este, em uma COP como esta, não aproveita para mostrar que podemos fazer carro flex?”, indagou.
O empresário também criticou a isenção do Imposto de Importação para veículos elétricos e os benefícios fiscais oferecidos a montadoras chinesas instaladas no país.
Com informações de Globo Rural
