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Etanol de milho deve igualar produção da cana em menos de dez anos, aponta Datagro

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A produção brasileira de etanol vive uma mudança de rumo. Projeções da consultoria Datagro indicam que, até 2034, a capacidade instalada das destilarias de milho chegará a 24,7 bilhões de litros, volume muito próximo dos 25 bilhões de litros que as usinas de cana devem fabricar na safra atual. Se confirmado, o cereal responderá por metade do etanol disponível no país.

Custo favorece o cereal

O etanol produzido a partir do milho já demonstra vantagem econômica. Em Sorriso (MT), o custo médio é de R$ 1,82 por litro, enquanto o mesmo combustível feito com cana-de-açúcar custa R$ 2,86, desconsiderando despesas financeiras. Mesmo com queda no preço do DDG, coproduto que gera receita extra, o valor subiria a R$ 2,00, ainda abaixo do patamar da cana.

Regiões onde o milho é mais caro, como o Nordeste, também sentem o efeito. Segundo o Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool da Paraíba (Sindaçúcar-PB), o etanol anidro originado em Balsas (MA) chega à Paraíba R$ 0,20 mais barato que o produto local, mesmo após percorrer mais de mil quilômetros de frete.

Déficit nordestino em queda

Com o avanço das destilarias do Centro-Oeste e, agora, do Matopiba, o déficit de etanol do Nordeste deve encolher significativamente. A Datagro estima que 85% da diferença entre oferta e demanda regional seja eliminada até 2030. Na última safra 2024/25, o consumo nordestino superou a produção em 3,95 bilhões de litros; nesta temporada, a lacuna deve recuar para 3,5 bilhões, com a entrada de 420 milhões de litros de etanol de milho.

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Pressão também no Centro-Sul

Parte do etanol hoje enviado por cabotagem do Centro-Sul ao Nordeste tende a perder espaço para o produto de milho local. Somente na próxima safra, novas usinas — entre elas a planta da Inpasa em Luís Eduardo Magalhães (BA), prevista para fevereiro — devem acrescentar de 3 a 3,5 bilhões de litros à oferta nacional.

Mercado de açúcar sob pressão global

O cenário desafiador para as usinas de cana não se restringe ao etanol. No mercado internacional, contratos de açúcar para março de 2026 fecharam ontem a 15,24 centavos de dólar por libra-peso, abaixo do custo médio de produção no Centro-Sul, estimado em 16,40 centavos. A Índia, que iniciou nova safra, deve produzir 32,1 milhões de toneladas — já descontado o volume destinado ao etanol —, ampliando a oferta global e pressionando preços.

Com margens estreitas no açúcar e crescente concorrência no etanol, as usinas de cana brasileiras podem enfrentar novo ciclo de aperto financeiro.

Com informações de Globo Rural

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