As vendas externas de café do Brasil somaram 3,75 milhões de sacas de 60 kg em setembro, queda de 18,4 % na comparação com as 4,59 milhões embarcadas no mesmo mês de 2024. A receita, contudo, avançou 11,1 % e atingiu US$ 1,36 bilhão. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, 9 de outubro, pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
Desempenho na safra 2025/26
Nos primeiros três meses do ciclo 2025/26 (julho a setembro), o país enviou 9,67 milhões de sacas ao exterior, volume 20,6 % menor em relação ao mesmo período do ano anterior. A receita no trimestre cresceu 12 % e alcançou US$ 3,52 bilhões.
De janeiro a setembro de 2025, os embarques totalizaram 29,10 milhões de sacas, retração de 20,5 % ante igual intervalo de 2024. Ainda assim, o faturamento avançou 30 % e somou US$ 11,04 bilhões.
Efeitos da tarifa de 50 % dos Estados Unidos
Segundo o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, a redução nos volumes reflete oferta mais restrita após safra afetada por condições climáticas adversas e estoques menores, além da tarifa adicional de 50 % aplicada pelos Estados Unidos sobre o café brasileiro.
Em setembro, segundo mês de vigência da sobretaxa, as importações norte-americanas recuaram 52,8 % frente a igual mês de 2024, para 332.831 sacas. O país caiu para a terceira posição entre os compradores do café do Brasil, atrás da Alemanha (654.638 sacas) e da Itália (334.654 sacas), que também diminuíram o volume adquirido, em 16,9 % e 23 %, respectivamente.
Setor pede ação rápida do governo
Ferreira afirmou que não é possível abrir mão do mercado norte-americano, maior consumidor mundial e principal destino do café brasileiro no acumulado do ano. Ele destacou “sinalizações favoráveis” do presidente Donald Trump durante a Assembleia da ONU e em telefonema ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e cobrou “mobilização urgente” do governo brasileiro para negociar isenções.
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O dirigente disse ter solicitado reunião com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, para reforçar a importância da relação bilateral. “Respondemos por mais de um terço do café movimentado nos EUA, onde 76 % da população consome a bebida”, lembrou.
Ferreira ressaltou que exportadores norte-americanos já pedem postergação ou cancelamento de contratos devido ao encarecimento do produto, e que o café integra uma lista de possíveis isenções, condicionadas a avanços diplomáticos.
Com informações de Globo Rural
