São Paulo – As exportações brasileiras de tilápia cresceram 52% nos primeiros seis meses de 2025, totalizando 8 mil toneladas e US$ 36 milhões em receitas, segundo a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR). O desempenho foi impulsionado, sobretudo, pelos embarques de filé fresco aos Estados Unidos, responsáveis por US$ 32 milhões, o equivalente a 88,8% do faturamento.
O Peru foi o segundo principal destino, com US$ 1,8 milhão (5% do total). A expectativa do setor era de aumento contínuo até o fim do ano, mas a imposição de uma tarifa de 50% pelo governo norte-americano pode mudar o cenário.
Impacto do “tarifaço”
Para Francisco Medeiros, presidente da Peixe BR, a falta de acordo entre Brasil e Estados Unidos deve fazer com que as exportações “fiquem próximas de zero” no segundo semestre. Ele alerta que o recuo nas vendas externas ampliará a oferta interna, pressionando ainda mais os preços, já afetados pela entrada de filé de tilápia importado do Vietnã.
Queda de preços e margens menores
Dados do Cepea/Esalq indicam que o preço médio pago ao produtor no primeiro semestre foi de R$ 8,04 por quilo, queda nominal de 14,6% frente aos R$ 9,42 de igual período de 2024. O peso médio dos peixes comercializados subiu 11,1%, de 921 gramas para 1.023 gramas.
Apesar de a ração ter ficado 2,9% mais barata (de R$ 2,78/kg para R$ 2,70/kg), a margem bruta nas propriedades monitoradas caiu 45,5%, de R$ 2,82 para R$ 1,54 por quilo, informa o coordenador de Pecuária e Tilápia do Cepea/Esalq, Thiago Bernardino de Carvalho.
Produção em alta
O alojamento de alevinos e juvenis avançou 18,7% no semestre, puxado pelas cooperativas, sinalizando aumento de produção nos próximos meses. Segundo Medeiros, o consumo interno de tilápia permanece estável, mas a retração na criação de tambaqui e de peixes nativos limita a expansão geral do consumo de pescado no país.
Imagem: Wenders Araujo
Busca por novos mercados
Diante do cenário externo adverso, a Peixe BR defende a abertura de novos mercados e o fortalecimento das exportações de produtos congelados, que concentram a maior parte do comércio internacional de tilápia. Especialistas veem espaço para valorização do produto brasileiro, desde que haja investimentos em infraestrutura e políticas de fomento à competitividade.
Com a combinação de tarifa norte-americana, aumento da oferta doméstica e margens pressionadas, a cadeia produtiva avalia 2025 como um dos anos mais desafiadores para o setor no país.
Com informações de Canal Rural
