Em artigo publicado no Canal Rural, o coordenador executivo do Observatório do Seguro Rural da FGV Agro, Pedro Loyola, atribui a crise de endividamento do agronegócio brasileiro à combinação de alavancagem financeira sem cobertura de gestão de riscos climáticos.
Segundo o autor, agentes financeiros, governo e produtores repetem há três décadas o mesmo padrão: concedem ou contratam crédito sem exigir instrumentos como seguro rural e contratos de hedge para proteção de preços. “No agronegócio, risco se administra, não se terceiriza”, declara Loyola.
Principais pontos do artigo
Risco climático não gerido – Para o especialista, o impacto climático é o principal responsável pela corrosão de margens e pela perda de capacidade produtiva, superando oscilações de mercado ou variações de preços.
Alavancagem sem garantia – Loyola argumenta que o crédito rural liberado sem exigência de seguro ou proteção de preços transforma a operação em “roleta financeira”, que resulta em inadimplência e renegociações recorrentes.
Responsabilidade compartilhada – Em países como Espanha e Estados Unidos, salienta o coordenador, produtores que não contratam seguro rural ficam impedidos de receber ajuda extraordinária, o que incentiva a adoção preventiva de mecanismos de proteção.

Imagem: Divulgação
Propostas defendidas
O executivo da FGV Agro sustenta que o Brasil precisa amadurecer ao vincular concessão de crédito rural à comprovação de gestão de riscos, ampliando políticas preventivas em vez de programas de renegociação após cada quebra de safra.
Para Loyola, enquanto instituições financeiras negligenciarem o seguro rural como requisito básico, “a próxima seca voltará a expor o mesmo enredo: dívidas impagáveis, renegociações e perpetuação de um modelo que confunde crédito com socorro”.
Com informações de Canal Rural