Uma missão do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) está no Japão nesta semana com o objetivo de negociar a ampliação da lista de estados brasileiros habilitados a vender carne suína ao mercado japonês. Hoje, apenas empresas de Santa Catarina podem embarcar o produto para o país asiático, graças ao reconhecimento de zona livre de febre aftosa sem vacinação concedido em 2007.
A delegação brasileira, que inclui o secretário de Comércio e Relações Internacionais da pasta, Luis Rua, e o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, pretende convencer as autoridades japonesas a estender a permissão ao Paraná e ao Rio Grande do Sul. Segundo Santin, o Brasil reforçará o status sanitário livre de aftosa sem vacinação, chancelado pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), para viabilizar a venda de carne com osso e miúdos desses dois estados.
Questionamentos adicionais
Em março, às vésperas da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Japão, o Ministério da Agricultura, Silvicultura e Pesca japonês (MAFF) enviou novo questionário ao governo brasileiro sobre o sistema de vigilância para febre aftosa e peste suína clássica no Paraná e no Rio Grande do Sul. A embaixada do Brasil em Tóquio avaliou que o pedido demonstra postura protelatória dos japoneses, embora eles justifiquem a necessidade de dados científicos.
Desempenho das exportações
Em 2024, as exportações catarinenses de carne suína para o Japão somaram 93,4 mil toneladas, aumento de 131% em relação ao ano anterior, gerando receita de US$ 312,5 milhões. Santa Catarina respondeu por cerca de 55% do total embarcado pelo Brasil para todos os destinos.
No ano passado, o país exportou 1,3 milhão de toneladas da proteína. Desse volume, 791,3 mil toneladas partiram de Santa Catarina, 280,4 mil toneladas do Rio Grande do Sul e 183,6 mil toneladas do Paraná, o que evidencia o potencial impacto da abertura do mercado japonês para os dois últimos.
Participação no mercado japonês
O Brasil levou cinco anos para atingir apenas 0,15% das importações japonesas de carne suína, mas ganhou terreno a partir de 2022 com a desvalorização do iene — que passou de 109,01 por dólar em 2021 para 151,48 em 2023. Hoje, o país detém cerca de 8% do mercado total e 13% do segmento de carne suína congelada, ficando atrás apenas dos maiores fornecedores Canadá, Estados Unidos, Espanha e México. A meta dos exportadores é alcançar pelo menos 10% de participação geral, resultado que depende da habilitação de frigoríficos do Paraná e do Rio Grande do Sul.

Imagem: Globo Rural via globorural.globo.com
Exigências sanitárias
O Japão só permite importações de países livres de febre aftosa sem vacinação, peste suína africana e peste suína clássica. Não há fornecedores habilitados da Ásia ou da África. Desde as primeiras remessas experimentais em agosto de 2013, o número de plantas brasileiras autorizadas a vender ao mercado japonês subiu de nove para 27.
Apesar do avanço, a diplomacia brasileira alerta para possíveis mudanças na economia japonesa, como a valorização do iene, que pode reduzir a competitividade da carne suína brasileira em relação a concorrentes mais próximos geograficamente.
Com informações de Globo Rural