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Inadimplência no crédito rural atinge recorde e perspectiva de regularização permanece incerta

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A taxa de inadimplência do crédito rural alcançou o maior patamar da série histórica em agosto deste ano, segundo levantamento da L.E.K. Consulting com base em dados do Banco Central. O índice para pessoas físicas passou de 0,94% em agosto de 2023 para 5,14% no mesmo mês de 2025. Entre pessoas jurídicas, a proporção subiu de 0,33% para 0,62% no mesmo intervalo.

De acordo com Bruno Brandi, gerente sênior da consultoria, o avanço da inadimplência decorre de margens comprimidas desde a safra 2022/23. Na temporada 2021/22, a alta nos preços dos grãos estimulou investimentos em expansão de área, compra de máquinas e melhorias em infraestrutura. Contudo, os ciclos seguintes apresentaram custos maiores e preços menores, reduzindo a rentabilidade dos produtores.

Impacto por categoria de produtor

O estudo aponta maior vulnerabilidade entre agricultores com menor produtividade e menor nível de tecnologia. Em Mato Grosso, a parcela de produtores que operou com prejuízo chegou a 20% nas safras 2022/23 e 2023/24, recuando para 15% em 2024/25. Na segunda safra de milho, as perdas atingiram 90% dos produtores em 2022/23, 70% em 2023/24 e 65% em 2024/25.

Expectativas para 2025/26

Para a próxima temporada, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP) projeta redução de 36,7% na rentabilidade da soja e de 92% na do milho. A combinação de preços estáveis para grãos e elevação de custos de insumos é apontada como principal fator para a queda.

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Brandi ressalta que o cenário de juros ainda em dois dígitos e a ausência de recuperação consistente nos preços das commodities dificultam a regularização dos débitos. “A melhora observada na safra 2024/25 não cobre as perdas acumuladas nos ciclos anteriores”, afirma.

Segundo o executivo, produtores que mantiveram disciplina financeira e utilizaram instrumentos de proteção, como contratos de travamento de preço e seguro rural, têm menor exposição ao atual ciclo de margens apertadas. Mesmo assim, ele avalia que o retorno a níveis mais baixos de inadimplência deve levar alguns anos.

Com informações de Globo Rural

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