Balsas (MA) – A Inpasa colocou em operação, em 1º de agosto, a primeira etapa de sua biorrefinaria em Balsas, projetada para tornar o sorgo um pilar da fabricação de etanol no país. A estratégia, segundo o vice-presidente de Negócios e Originação, Flávio Peruzzo, é processar volumes semelhantes de milho e sorgo, chegando a um índice de 50% para cada cereal.
Peruzzo ressalta que o sorgo demanda menos água que o milho, fator que pode abrir espaço para a cultura em áreas onde a segunda safra de milho é inviável. “O objetivo não é substituir o milho, e sim inserir uma alternativa em regiões sem histórico de segunda safra”, afirma o executivo, que integra o grupo desde 2018.
Contratos antecipados e expansão
Para estimular os produtores locais, a empresa oferecerá contratos futuros de venda de sorgo. A mesma prática já foi adotada para a planta que está sendo construída em Luís Eduardo Magalhães (BA), prevista para abril de 2026, onde parte da matéria-prima já foi negociada com entrega a partir de junho do mesmo ano.
Atualmente, apenas as duas unidades mato-grossenses, responsáveis pelo processamento de 6,5 milhões de toneladas de milho por ano, não utilizam sorgo. No Paraguai, onde a companhia nasceu, o cereal já faz parte da linha de produção.
Custos e produtos derivados
O processo industrial para milho e sorgo é semelhante, porém o sorgo não gera óleo vegetal, o que reduz a rentabilidade. Esse impacto é compensado pelo preço mais baixo da tonelada do sorgo. A produção de DDGs (coproduto utilizado na nutrição animal) é praticamente a mesma nos dois grãos. Toda a oferta de DDGs da nova unidade maranhense será destinada ao mercado interno.
Óleo de milho e DDGs respondem por cerca de 25% do faturamento da companhia, que fechou 2024 com receita de R$ 14,8 bilhões e projeta chegar a R$ 24 bilhões em 2025 com a entrada em operação da planta de Balsas e expansões em outras unidades.
Imagem: Divulgação via globorural.globo.com
Investimentos e capacidade
O complexo de Balsas recebeu R$ 2,5 bilhões em investimentos, incluindo financiamento externo de R$ 600 milhões do Banco do Nordeste. A segunda e última fase deve ser concluída em setembro, apenas 16 meses após o lançamento da pedra fundamental.
Quando totalmente operacional, a fábrica terá capacidade anual para processar 2 milhões de toneladas de milho e sorgo, gerando cerca de 925 milhões de litros de etanol, 490 mil toneladas de DDGs e 47 mil toneladas de óleo vegetal. Em todas as cinco unidades brasileiras, a Inpasa poderá produzir 5,8 bilhões de litros de etanol por ano, 3 milhões de toneladas de DDGs, 245 mil toneladas de óleo vegetal e mais de 1.500 GWh de energia renovável.
Com 2.700 funcionários, a empresa planeja seguir ampliando a participação do sorgo em sua matriz de matéria-prima à medida que produtores adotem a cultura e a curva de aprendizado industrial avance.
Com informações de Globo Rural
