Piracicaba (SP) – A adoção de inteligência artificial (IA) nas fazendas brasileiras só surtirá efeito se vier acompanhada de conexão de qualidade e de profissionais aptos a operar as novas ferramentas, afirmaram participantes do Agtech Meeting 2025, organizado pela PwC Brasil.
Débora Lalo, consultora de tecnologia do Google Cloud, ressaltou que drones, plataformas de gestão e máquinas com tecnologia embarcada “são habilitadores”, mas dependem de gente capacitada. “Se não trabalharmos a capacitação, não adianta”, disse durante o evento.
Para Alan Dias, sócio e líder de Alianças e IA da PwC Brasil, o nível de maturidade digital do agronegócio segue abaixo de outros setores, mesmo com o peso do campo na economia. Ele citou casos em que equipamentos de US$ 20 milhões operam com menos de 10% do potencial por falta de conectividade.
Desafios nas grandes áreas produtoras
No Grupo Bom Jesus, que cultiva 380 mil hectares de soja, algodão e milho em Rondonópolis (MT), a infraestrutura de internet ainda é obstáculo diário, contou o diretor de TI, Laerte Marroni. “Trabalhamos em áreas remotas e vemos carência desde a emissão de nota fiscal até o escoamento dos grãos”, afirmou. O grupo desenvolve um sistema de IA que cruza dados de solo, pragas e clima para definir a melhor janela de plantio.
Conectividade limitada
Eugenio Neto, diretor de vendas da Hughes do Brasil, comparou a situação a ter “um iPhone e usar só para ligação”. Segundo a ConectarAgro, entidade da qual a Hughes é associada, apenas 33,9% da área agricultável do país possui cobertura 4G ou 5G, concentrada sobretudo no Sul e Sudeste.
Imagem: Ari Dias
A empresa fechou parceria com a Soil Tecnologia para ampliar o sinal em municípios do oeste da Bahia, como Luís Eduardo Magalhães, São Desidério e Barreiras, permitindo que produtores monitorem irrigação pelo celular. Ainda de acordo com a ConectarAgro, somente 28,26% das áreas irrigadas por pivô central contam com internet 4G ou 5G.
Débora Lalo concluiu que conexão e governança de dados devem avançar juntas. “Sem tratar os dados corretamente, não é possível extrair informações adequadas para a tomada de decisão”, observou.
Com informações de Globo Rural
