A produção de soja no Brasil pode atingir 178 milhões de toneladas na safra 2025/26, segundo projeção do Itaú BBA. O volume superaria o recorde anterior, de 170,1 milhões de toneladas, alcançado na temporada 2024/25.
De acordo com o analista Francisco Queiroz, da Consultoria Agro da instituição, dois fatores sustentam a previsão: a expansão de 1 milhão de hectares na área plantada e a expectativa de um evento La Niña de baixa intensidade e curta duração.
Condições climáticas
Queiroz afirma que o clima tende a favorecer a safra de verão. No entanto, há preocupação com a possibilidade de redução das chuvas no extremo sul do país em dezembro. Na Argentina, as precipitações recentes também reforçam um cenário positivo para a cultura.
Demanda e preços
O consumo global de soja deve continuar em alta, impulsionado pela procura de óleo para biocombustíveis e de grãos para a indústria de alimentos. Ainda assim, os estoques mundiais devem permanecer em níveis considerados confortáveis.
O analista lembra que as cotações subiram durante as negociações comerciais entre Estados Unidos e China. Pequim se comprometeu a adquirir 12 milhões de toneladas de soja norte-americana por ano, das quais 4 milhões já foram compradas. Caso o ritmo diminua, os preços podem recuar na bolsa de Chicago. Sem quebra significativa de safra na América do Sul, a tendência é de pressão sobre preços e margens na temporada 2025/26.
Reflexos no milho
Embora o impacto do La Niña seja menor neste ciclo, a irregularidade das chuvas no início do plantio de verão atrasou a semeadura da soja, o que pode retardar a janela da safrinha de milho em Goiás, Minas Gerais e parte de Mato Grosso. Tocantins também registrou atrasos, mas o regime de chuvas se normalizou.
A queda recente nos preços dos fertilizantes pode melhorar a relação de troca e incentivar o aumento da área do milho de segunda safra. O Itaú BBA estima produção de 139 milhões de toneladas no Brasil e 60 milhões de toneladas na Argentina, acima das projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), de 131 milhões e 53 milhões de toneladas, respectivamente.
Imagem: Fundação Solidaridad
A demanda permanece firme no mercado interno e externo, puxada pela produção de ração animal e de etanol. Apenas para etanol, o consumo interno deve chegar a 25 milhões de toneladas em 2026.
Algodão
Para o algodão, o Itaú BBA prevê redução da produção em 2025/26, diante da queda nos preços da pluma e do aumento dos custos, que comprimem as margens dos produtores. Na temporada anterior, o país colheu o recorde de 4,1 milhões de toneladas.
No mercado doméstico, a demanda deve permanecer estável, limitada por juros elevados. Globalmente, o consumo segue estagnado em 25,9 milhões de toneladas, enquanto os estoques crescem. A China, principal importadora mundial, continua com participação reduzida nas compras, o que pressiona as cotações.
Com informações de Globo Rural
