A participação ativa das mulheres tem se mostrado decisiva para a consolidação da governança em empresas familiares do agronegócio brasileiro, apontam os consultores Diego Billi Falcão e Amanda Salis Guazzelli, da Governança Agro. Segundo eles, em meio a um cenário de margens apertadas, juros elevados, instabilidades no mercado externo e eventos climáticos adversos, produtoras e herdeiras assumem papéis estratégicos em conselhos, sucessões e mediação de conflitos.
Os especialistas destacam que o agronegócio vive um “ciclo de correção” após um período de forte expansão. Nesse ambiente de maior pressão financeira — marcado, entre outros fatores, pelo aumento de pedidos de recuperação judicial — estruturas societárias frágeis tornam-se mais evidentes. É nesse ponto que, afirmam, a presença feminina contribui para transformar a governança em instrumento de continuidade, e não apenas em formalidade.
Em diversas regiões do país, relatam Falcão e Guazzelli, produtoras rurais têm liderado diálogos intergeracionais, articulado interesses divergentes e formalizado acordos antes que divergências se tornem crises. O resultado é a redução de conflitos, maior coesão familiar e proteção do patrimônio.
Os consultores observam ainda que, apesar de avanços, barreiras culturais permanecem em parte do setor, tradicionalmente conservador em suas estruturas de poder. Mesmo assim, exemplos de sucessões bem-sucedidas indicam que negócios que abrem espaço para a liderança feminina apresentam transições mais sólidas e decisões mais claras.

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Para Falcão e Guazzelli, a sucessão nas propriedades ocorrerá inevitavelmente, seja pela decisão dos fundadores, seja por circunstâncias externas. A diferença, avaliam, estará no preparo: famílias que reconhecem e legitimam o protagonismo das mulheres tendem a percorrer esse processo com menos rupturas e maior sustentabilidade.
Com informações de Globo Rural
