Brasília – O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, informou que espera a retirada ou diminuição das tarifas adicionais impostas pelos Estados Unidos a produtos agrícolas brasileiros depois do encontro que deve reunir, em breve, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump.
Teixeira acredita que a dependência norte-americana de itens produzidos no Brasil cria espaço para um acordo. “Os Estados Unidos precisam desses produtos e têm superávit comercial conosco”, afirmou em entrevista.
Agenda diplomática
As negociações começam nesta quinta-feira, 16 de outubro, quando o chanceler Mauro Vieira se encontra em Washington com o secretário de Estado, Marco Rubio, para discutir a reunião presidencial. Segundo Teixeira, o próprio governo norte-americano tende a recuar porque os preços internos subiram após a instituição das tarifas.
Impactos no campo
O ministro avaliou que o agronegócio brasileiro foi “pouco atingido”, mas reiterou que a redução das tarifas beneficiará os consumidores dos EUA. Ele citou café e carne como exemplos de mercadorias cujo valor aumentou no mercado americano e que não podem ser facilmente substituídas.
Dois meses após o tarifaço, alguns setores mantiveram as exportações diretamente aos EUA ou por meio de países vizinhos, como Uruguai e Argentina, destacou Teixeira. Em outras cadeias, produtores e importadores assumiram custos adicionais para preservar contratos, caso das frutas manga e uva do Nordeste.
Medidas internas
Para apoiar produtores afetados, o MDA solicitou crédito extraordinário de R$ 50 milhões, dos quais R$ 30 milhões ficariam com a pasta e R$ 20 milhões com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome. Os recursos serão aplicados no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), destinado, entre outros itens, a castanhas, mel e peixes como tilápia.

Imagem: Albino Oliveira
Em agosto, o ministério publicou regras emergenciais para a compra institucional de alimentos que perderam espaço no mercado americano. A lista inclui açaí, água de coco, castanha-de-caju, castanha-do-brasil, manga, mel, uvas e pescados.
Questões regionais
Produtores de laranja do Rio Grande do Sul continuam enfrentando dificuldades. Embora o suco não tenha sido tarifado, subprodutos da fruta sofreram sobretaxa, reduzindo preços locais. Segundo a secretária-executiva Fernanda Machiaveli, o MDA planeja destinar parte do crédito extraordinário para escoar o bagaço de laranja a outros estados com demanda normalizada.
O ministério ainda não possui levantamento completo sobre compras governamentais de excedentes, mas afirma que parte da produção redirecionada foi absorvida por mercados da Europa e Ásia ou consumida internamente.
Com informações de Globo Rural