Brasília – A região Oeste da Bahia tem condições de captar, no mínimo, R$ 1 bilhão por meio de programas de carbono florestal, afirmou o secretário extraordinário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial do Ministério do Meio Ambiente, André Lima, nesta quarta-feira (22/10), durante audiência pública na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados.
Segundo Lima, a preservação da vegetação nativa pode se transformar em fonte de recursos para impulsionar atividades econômicas locais. “Uma conta superficial mostra que, só no Oeste da Bahia, um programa de carbono florestal poderia captar R$ 1 bilhão para serem investidos em atividades econômicas na região”, declarou.
O Oeste baiano reúne municípios como São Desidério, Correntina, Luís Eduardo Magalhães e Barreiras, todos inseridos no Matopiba – fronteira agrícola que engloba também Maranhão, Tocantins e Piauí. A área registra forte avanço da agropecuária e, ao mesmo tempo, concentra remanescentes significativos do Cerrado.
Plano de desenvolvimento até dezembro
O Ministério da Agricultura deve apresentar até dezembro uma agenda para o Plano de Desenvolvimento Agropecuário e Agroindustrial do Matopiba. O documento trará três eixos e 90 metas voltadas a reduzir desigualdades sociais, diminuir a pressão sobre recursos naturais, enfrentar o déficit de infraestrutura e logística e lidar com as mudanças climáticas.
Durante a audiência, Lima destacou que é possível expandir a produção sem recorrer apenas à conversão de novas áreas do Cerrado em lavouras e pastagens. “É um grande ativo ambiental e econômico. Podemos aumentar produção, produtividade e rentabilidade mantendo o Cerrado em pé”, disse.
Preservação acima do mínimo legal
O Código Florestal exige que 35% das propriedades rurais no Cerrado mantenham vegetação nativa, mas, de acordo com Lima, aproximadamente 50% do bioma ainda está preservado. Para ele, o plano em elaboração precisa enxergar a vegetação nativa como “ativo econômico” capaz de atrair investimentos voltados à infraestrutura, qualificação produtiva e elevação do PIB e do IDH regionais.
Imagem: Fundação Solidaridad
Ações previstas até 2030
José Carlos Polidoro, assessor do Ministério da Agricultura e secretário-executivo do comitê gestor do plano, apresentou uma prévia das iniciativas em estudo para o período até 2030. Entre elas estão:
- implementação de zoneamento de desenvolvimento regional;
- criação de uma plataforma digital para concentrar dados do Matopiba;
- apoio à regularização fundiária;
- incentivo à produção integrada, incluindo a fruticultura;
- linhas de financiamento específicas para instalação de agroindústrias na região.
O cronograma oficial deve ser divulgado até o fim do ano.
Com informações de Globo Rural
