Representantes da cadeia pecuária afirmaram nesta quinta-feira (18/9), em Belo Horizonte, que o Brasil precisa aumentar a oferta de carne bovina de alto valor agregado para receber preços semelhantes aos pagos a concorrentes como Estados Unidos e Austrália. O tema dominou os debates do Congresso Nacional da Carne (Conacarne).
“Temos que chegar lá fora e receber o que os EUA e a Austrália recebem, mas para isso precisamos fazer a lição de casa”, disse o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins. Segundo ele, produtores do Sul já intensificam o melhoramento genético para elevar a participação de cortes nobres na pauta exportadora.
Hoje, cerca de 70% da produção nacional permanece no mercado interno, enquanto os embarques concentram-se em peças do dianteiro, de menor valor comercial. A mudança de perfil, segundo Martins, poderá ampliar a receita obtida no exterior.
Novo cenário de tarifas
A proposta de elevar a qualidade ganha força em meio à sobretaxa de 50% anunciada pelos Estados Unidos. Com o adicional, a tarifa total para a carne bovina brasileira chegou a 76,4%, praticamente inviabilizando negócios e podendo provocar perda de até US$ 400 milhões em 2025, estimam indústrias do setor.
Presente ao evento, a senadora e ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina declarou acreditar em uma solução para o impasse, alegando que “os americanos precisam da nossa carne”. Ela destacou, contudo, a necessidade de abrir mercados que remunerem melhor, citando o Japão, que negocia a entrada da carne brasileira após o reconhecimento do país como livre de febre aftosa sem vacinação.
Imagem: Claudio Belli
Foco em genética
O presidente da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), Gabriel Cid, também defendeu avanços no melhoramento genético. “Já conseguimos produzir carne em quantidade, agora temos que produzir carne de qualidade”, afirmou. A entidade mantém parcerias com frigoríficos e pequenos produtores para aprimorar os rebanhos.
Dirigentes do setor avaliam que a disseminação dessas práticas poderá elevar o padrão dos cortes destinados ao exterior e reduzir a dependência de mercados que pagam menos pelo produto brasileiro.
Com informações de Globo Rural
