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Produção maior deve pressionar preço do etanol a partir da safra 2026/27

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A safra 2026/27, que tem início oficial em abril de 2026, deve registrar um aumento expressivo na produção de etanol no Brasil, superando a expansão do consumo e derrubando os preços do biocombustível, apontam analistas e executivos do setor.

Oferta em alta

Projeção do Itaú BBA indica que o volume total de etanol pode crescer pouco menos de 6 bilhões de litros na próxima temporada, sendo 3 bilhões provenientes de cana no Centro-Sul e 2 bilhões de milho. Com esse acréscimo, o banco calcula queda de aproximadamente 10 % no preço do etanol hidratado.

Motivos da pressão

Um dos principais fatores é a recente desvalorização do açúcar nos mercados internacionais. Com os contratos futuros já tendo tocado 15 centavos de dólar por libra-peso na bolsa de Nova York antes de voltarem a pouco mais de 16 centavos, parte das usinas de cana deve redirecionar matéria-prima do açúcar para o etanol, elevando a oferta interna.

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Além disso, o recuo do petróleo, de níveis acima de US$ 100 por barril em 2022 para a faixa de US$ 60 a US$ 65 neste ano, reforça a tendência de preços mais baixos para combustíveis em geral, avalia Mário Stênico, head de research e trading da Inpasa.

Capacidade ociosa e novos projetos

Especialistas chamam atenção para a elevada capacidade instalada de produção de etanol nas usinas de cana, atualmente subutilizada. Ao mesmo tempo, a indústria de etanol de milho segue em expansão. De acordo com Larissa Peres, analista do JP Morgan, projetos em andamento podem acrescentar 18,5 bilhões de litros de etanol de milho até 2030, gerando sobreoferta média de 5 % a 6 % e apertando margens.

Segundo o banco, o retorno sobre investimento (ROIC) de uma planta dedicada ao milho é de 18,5 %. Já uma usina de cana com mix 50 % açúcar e 50 % etanol apresenta ROIC de 11 %, enquanto uma destilaria focada apenas em etanol de cana registra 8 %.

Mercado de coprodutos

A rentabilidade das usinas de milho é reforçada pela venda de DDGS, subproduto usado na alimentação animal. Contudo, o diretor comercial de mercado interno de DDGS da Inpasa, Rafael Verruck, observa que o preço do produto está fortemente atrelado ao farelo de soja, que tende a recuar com a maior oferta resultante do aumento do processamento da oleaginosa.

Expansão do consumo

Para evitar excesso de produto, o setor aposta na ampliação das vendas de etanol hidratado em regiões onde o consumo ainda é reduzido. No Mato Grosso, o etanol hidratado responde por 53 % do mercado de combustíveis leves (ciclo Otto), enquanto no Maranhão a participação é de apenas 3 %. A Inpasa inaugurou neste ano uma usina de etanol de milho em Balsas (MA), dedicada principalmente ao fornecimento de etanol anidro para mistura à gasolina.

A 3tentos também avança nessa direção: a companhia ergue uma planta de etanol de milho no Mato Grosso, prevista para entrar em operação no primeiro trimestre do próximo ano. Para o diretor de commodities Thiago Milani, “o mais importante é que há espaço para aumento do consumo”.

Com informações de Globo Rural

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