A safra 2024/25 de algodão em Mato Grosso, principal estado produtor do país, caminha para recordes. Levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) aponta produtividade média de 308,08 arrobas por hectare, avanço de 5,61% sobre a temporada anterior e o segundo melhor índice já registrado no histórico do instituto.
De acordo com técnicos, chuvas fora do calendário usual prolongaram o ciclo da cultura e favoreceram o enchimento das maçãs. “Tivemos precipitações em momentos decisivos nas principais regiões produtoras”, explicou a pesquisadora de Fitotecnia da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT), Daniela Dalla Costa.
Resultados de campo
No ensaio conduzido pela Fundação MT em Sapezal, a média alcançou 393 arrobas de algodão em caroço por hectare, com talhões chegando a 457 arrobas. Apesar dos números expressivos, Daniela ressalta que o desempenho depende de manejo adequado, escolha da cultivar e época correta de semeadura.
Área e produção
A área cultivada no estado foi estimada em 1,52 milhão de hectares, crescimento de 4,18% frente a 2023/24. A produção total deve atingir 7,04 milhões de toneladas de algodão em caroço, das quais 2,90 milhões correspondem à pluma, aumento de 11,38% na comparação anual.
Produtores avaliam a temporada
Para o produtor e engenheiro agrônomo Alexandre Schenkel, o ciclo, mesmo iniciado mais tarde, superou expectativas em rendimento e qualidade de fibra. “O clima colaborou e o índice HVI apresentou bons resultados”, disse.
Os bons números aliviam parte da pressão financeira causada pelos preços baixos. O Cepea registrou cotações abaixo de R$ 3,80 por libra-peso, nível que não era visto havia mais de dois anos. Na Bolsa de Nova York, a queda acumulada até agosto chega a 4,45%. “Produzir bem era fundamental diante dos custos elevados. A maior parte dos cotonicultores vai conseguir bons resultados”, avaliou Lucas Daltrozo, de Primavera do Leste.
Imagem: Ampasul
Planejamento para 2025/26
Com a colheita praticamente encerrada, o setor já discute a próxima safra. O coordenador de projetos do Instituto Mato-grossense de Algodão (IMA), Márcio Souza, prevê possível redução de área, motivada pelos custos de produção. “Áreas sem potencial não devem ser plantadas; o produtor buscará o teto produtivo”, afirmou.
O gerente agrícola do Grupo Bom Jesus, Fernando Piccinini, relatou que a segregação de talhões foi essencial para identificar onde investir: “Encontramos áreas acima de 400 arrobas e outras abaixo de 250. Agora vamos definir o que mudar na próxima temporada.”
Com informações de Globo Rural
