Representantes do agronegócio no Rio Grande do Sul pedem agilidade na efetivação das duas linhas de crédito aprovadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) na sexta-feira, 19/9. As linhas permitirão a renegociação de dívidas de produtores afetados por secas e enchentes nos últimos anos.
Embora a resolução tenha alcance nacional, o pleito partiu principalmente de lideranças gaúchas, já que o estado foi um dos mais prejudicados por eventos climáticos recentes. O próximo passo é a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) transferir ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) os R$ 12 bilhões liberados pela Medida Provisória 1.316/2025.
Após receber os recursos, o BNDES terá de ajustar seus sistemas internos e expedir circular às instituições financeiras credenciadas. Fontes ligadas ao processo admitem que essa etapa pode levar alguns dias ou até semanas.
Nesse intervalo, bancos comerciais mapeiam clientes aptos e treinam equipes para operar as novas linhas. A expectativa é de que parte considerável dos R$ 12 bilhões seja desembolsada logo nas primeiras horas de disponibilidade.
Cobrança por celeridade
O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva, alertou que a demora pode comprometer o plantio da próxima safra. “Demorou demais, mas saiu a resolução. Agora tem que sair a do BNDES para que os agricultores possam resolver suas dívidas e financiar a próxima safra”, afirmou, em nota enviada à imprensa. O dirigente pretende se reunir com representantes de bancos na segunda-feira para definir o procedimento de contratação.
Pontos fora da resolução
Para o economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, o texto publicado pelo CMN era esperado, mas deixou lacunas. A principal, segundo ele, é a ausência de autorização para usar recursos dos fundos constitucionais do Centro-Oeste (FCO), Norte (FNO) e Nordeste (FNE) na renegociação – previsão contida no Projeto de Lei 5.122/2023, ainda parado no Senado.
Imagem: Marcelo Beledeli
A resolução também não incluiu critérios de sustentabilidade ambiental, possibilidade aberta pela Medida Provisória 1.314/2025, nem criou a anunciada linha para investimentos em recuperação de solos no estado. Em entrevista na quarta-feira, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse estudar um financiamento específico, com fundo garantidor e tecnologia da Embrapa, para ajudar o Rio Grande do Sul a conviver melhor com intempéries climáticas.
Enquanto o sistema financeiro aguarda a regulamentação final, produtores gaúchos continuam pressionando para que os recursos cheguem antes do início efetivo do plantio.
Com informações de Globo Rural
