A adoção da rastreabilidade individual de bovinos no Brasil vem ganhando força como recurso de gestão, aumento de rentabilidade e acesso a mercados exigentes. O tema foi detalhado por Michele Borges, gerente executiva da Mesa Brasileira de Pecuária Sustentável e integrante do Comitê Gestor de Rastreabilidade do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), em entrevista ao programa Giro do Boi.
Vantagens para o produtor
Segundo Borges, a identificação animal permite:
- Melhor controle produtivo – dados individuais de cada bovino ajudam na tomada de decisões sobre manejo, nutrição e genética;
- Acesso a crédito rural – programas como ABC+ e Pronaf Verde oferecem juros menores a quem comprova práticas sustentáveis;
- Valorização da arroba – bônus pagos na comercialização compensam o investimento em rastreabilidade;
- Segurança sanitária – monitoramento mais rigoroso eleva a reputação do rebanho e do produto final.
A executiva ressaltou que a tecnologia não é restrita a grandes propriedades: cooperativas, técnicos de campo e plataformas digitais já permitem a adoção também por médios e pequenos pecuaristas.
Pressão internacional
A rastreabilidade também se tornou estratégica diante do Regulamento da União Europeia para Produtos Livres de Desmatamento (EUDR), que passa a valer em 30 de dezembro de 2025 para grandes empresas e em 30 de junho de 2026 para micro e pequenas companhias. O regulamento proíbe a entrada de produtos agropecuários associados à derrubada de vegetação nativa, exigindo comprovação de:
- local de nascimento e criação do animal, com georreferenciamento da fazenda;
- conformidade ambiental da propriedade;
- ausência de desmatamento após a data de corte prevista pela norma.
Papel do Brasil e políticas de apoio
Detentor do maior rebanho comercial do planeta, o Brasil tem relevância na agenda climática global. Borges defende a integração de produtores, indústrias, governo e sociedade civil para que políticas como Plano Safra e ABC+ ampliem práticas sustentáveis, incluindo modelos de integração lavoura-pecuária (ILP/ILPF), recuperação de pastagens degradadas e rastreabilidade individual.

Imagem: canalrural.com.br
Para a representante da Mesa Brasileira de Pecuária Sustentável, o país reúne condições para consolidar-se como potência mundial de alimento e energia, usando a rastreabilidade como prova de compromisso ambiental e econômico.
Com informações de Canal Rural