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Representação do agronegócio na COP 30 divide líderes do setor em Belém

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A presença do agronegócio brasileiro na 30ª Conferência das Partes sobre Mudança do Clima (COP 30), realizada em Belém, gera opiniões opostas entre dirigentes do setor. Enquanto parte das lideranças considera a participação insuficiente, outras defendem que a exposição nunca foi tão ampla.

Críticas à baixa inserção na área de negociação

Entre os que apontam falhas está Eduardo Bastos, diretor da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e presidente do Instituto Equilíbrio. Ele afirma que o Ministério da Agricultura recebeu menos de 20 credenciais para a Blue Zone — espaço onde governos negociam os acordos finais —, número bem inferior às 300 ou 400 credenciais de outras pastas federais. Bastos avalia que, com essa limitação, temas prioritários como o mercado de carbono ficam sem a defesa necessária.

A ausência do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, nas mesas com delegações estrangeiras também é alvo de críticas. Fávaro chegou à conferência na segunda-feira, 17 de novembro, concentrou-se na Agri Zone e, no dia seguinte, viajou a Tomé-Açú (PA) para compromissos oficiais antes de retornar a Belém.

Em condição de anonimato, representantes do agro relatam dificuldades de acesso à Blue Zone. Alguns ocupantes de cadeiras em órgãos internacionais teriam ficado de fora das reuniões decisivas. “Chegar somente na segunda semana, quando as negociações técnicas caminham para o encerramento, foi um tiro no pé”, comentou um interlocutor.

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Agri Zone concentra atividades, mas localização é questionada

A participação do setor ocorre majoritariamente na Agri Zone, onde são realizados painéis, demonstrações tecnológicas e exposições — entre elas algodão naturalmente colorido desenvolvido pela Embrapa. Segundo dados da estatal citados por Bastos, o espaço recebe cerca de 2 000 visitantes por dia, dos quais 10 % estrangeiros. Mesmo assim, a distância física em relação às demais áreas da COP incomoda quem tenta atrair público de fora do agronegócio.

Questionado sobre as críticas após evento na Agri Zone, o ministro Fávaro limitou-se a ironizar: “Não devia ter vindo?”

Setor considera visibilidade sem precedentes

Na visão de Marcello Brito, secretário-executivo do Consórcio dos Estados da Amazônia Legal, o agronegócio está bem representado. Ele destaca que os negociadores brasileiros são os mesmos de edições anteriores da COP e que a agricultura e a pecuária ocupam posição central nos debates em Belém. Brito avalia que a conferência oferece “oportunidade inédita” para apresentar a produção nacional a 160 países.

Para o dirigente, há capital internacional disponível para financiar projetos sustentáveis no Brasil; o desafio seria estruturar propostas atraentes. “Se o projeto não consegue investimento, é porque não foi apresentado da maneira correta”, afirmou.

Com posições divergentes, a delegação do agro segue tentando ampliar espaço nas negociações climáticas enquanto exibe iniciativas de produção sustentável ao público da COP 30.

Com informações de Globo Rural

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