O segundo leilão de recursos do EcoInvest, linha de blended finance do Fundo Clima voltada à recuperação de áreas degradadas, recebeu demanda de R$ 17,3 bilhões em capital catalítico apresentado por 11 instituições financeiras, informou o Ministério da Fazenda.
De acordo com a pasta, o montante tem potencial para alavancar R$ 31,4 bilhões em investimentos privados. O resultado superou a previsão inicial do governo, que estimava mobilizar cerca de R$ 10 bilhões quando lançou o edital, em abril.
O capital catalítico funciona como garantia do Tesouro Nacional para que os bancos levem recursos adicionais ao mercado. Do total demandado na nova rodada, R$ 16,5 bilhões foram aprovados pela linha pública, o que deve resultar em uma oferta de cerca de R$ 30,2 bilhões aos produtores rurais.
A taxa de juros que chegará ao campo ainda não foi definida. Mesmo sendo uma operação de custo reduzido, há preocupação com o nível elevado da Selic. Também não há, até o momento, limite de crédito por tomador, o que, segundo interlocutores do programa, pode direcionar o dinheiro a grandes produtores.
O edital determina que 10% do volume liberado seja destinado a projetos na Caatinga. Entre as alternativas em análise está a inclusão de aviários do bioma, que poderiam repassar parte dos recursos a fornecedores de milho. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e a Embrapa prestarão apoio técnico na definição das regras finais.
As cifras projetadas devem permitir a restauração de 1,4 milhão de hectares dentro do programa Caminho Verde Brasil, do Ministério da Agricultura. Os produtores beneficiados terão de assumir compromisso de não desmatar suas propriedades por dez anos, mesmo em áreas onde a legislação permita.

Imagem: Luciano Marim via globorural.globo.com
O desembolso dos recursos está previsto para 2025, 2026 e 2027, após homologação dos resultados pelo comitê interministerial. As propostas das 11 instituições foram protocoladas até 21 de julho; três delas não participaram do primeiro leilão, realizado para projetos sustentáveis em geral.
A operação contou com suporte técnico do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e da Embaixada do Reino Unido. “Estimamos a recuperação de uma área equivalente a quase três vezes o tamanho do Distrito Federal e a geração de mais de 170 mil empregos”, declarou Ilan Goldfajn, presidente do BID, em nota divulgada pela Fazenda.
Próximas rodadas
O governo planeja novas captações ainda no segundo semestre para atrair equity e financiar projetos na Amazônia Legal. Paralelamente, o Ministério da Agricultura estuda formas de trazer capital estrangeiro para conversão de áreas degradadas e avalia o uso de contratos barter com agentes nacionais e internacionais.
Com informações de Globo Rural