A National Coffee Association (NCA), entidade que representa toda a cadeia de valor do café nos Estados Unidos, solicitou ao U.S. Trade Representative (USTR) a exclusão do café brasileiro da tarifa adicional de 40% anunciada pelo ex-presidente Donald Trump. Em documento protocolado ontem na consulta pública da investigação da seção 301 contra o Brasil, a associação afirma que a medida põe em risco um setor que movimenta US$ 343 bilhões por ano e sustenta cerca de 2,2 milhões de empregos no país.
Dependência quase total de importações
Os Estados Unidos produzem apenas 1% do café que consomem, proveniente de pequenas áreas no Havaí e em Porto Rico. Por isso, precisam importar 99% do grão verde (não torrado), considerado a bebida favorita dos norte-americanos, à frente de chá, suco, refrigerante e água engarrafada.
Segundo a NCA, cada US$ 1 gasto na compra de café cru no exterior traduz-se em US$ 43 gerados internamente em investimento, distribuição, varejo e marketing – um valor agregado de 4.200%.
Brasil é fornecedor insubstituível
O Brasil responde por 32% do café verde importado pelos EUA, seguido por Colômbia (20%), Vietnã (8%) e Honduras (7%). A associação argumenta que não há oferta suficiente em outros países para suprir uma eventual lacuna deixada pelo grão brasileiro, o maior produtor mundial e com volume superior ao dos quatro concorrentes seguintes somados.
Para a NCA, interromper esse fluxo ameaça a produção de alto valor dentro dos EUA e pode desviar investimentos para mercados como a China, que recentemente autorizou a entrada de 183 novas empresas brasileiras do setor de café.
Risco de inversão tarifária
A tarifa de 40% sobre o grão cru pode criar um cenário em que o imposto sobre a matéria-prima fique maior do que sobre o produto final. Nesse caso, torrefadores em outros países poderiam comprar café brasileiro mais barato, processá-lo e vender blends torrados aos EUA por preços inferiores aos praticados internamente, destaca a entidade.
Imagem: Ti Cuenca
Pedido de isenção
No documento, a NCA solicita que a investigação da seção 301 conclua que o café não constitui comércio injusto, mas sim um insumo essencial com produção doméstica mínima. A expectativa do setor é que o produto seja incluído na lista de isenções da tarifa adicional.
Além da NCA, associações dos segmentos químico, siderúrgico, madeireiro, papeleiro, cárneo e açucareiro também enviaram manifestações ao USTR em defesa das importações brasileiras, em sua maioria matérias-primas que ganham valor agregado dentro dos Estados Unidos.
Com informações de Globo Rural
