Porto Alegre — O envio antecipado de tabaco brasileiro aos Estados Unidos deve adiar para 2026 o impacto da tarifa de 50% anunciada pelo governo de Donald Trump, segundo o presidente do Sindicato da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Valmor Thesing.
Até julho, 60% das cerca de 40 mil toneladas previstas para 2025 já haviam chegado aos EUA. As indústrias aceleraram os embarques após o comunicado do tarifaço. Os 40% restantes — cerca de 16 mil toneladas, equivalentes a 1% da produção anual do país — deverão ser redirecionados a outros mercados caso não haja acordo bilateral, pois importadores norte-americanos interromperam as compras diante da nova alíquota.
Preocupação concentra-se na safra 2025/26
Para o ciclo 2025/26, contratos de compra com produtores integrados estão fechados para o primeiro semestre. “Se não houver um entendimento entre os governos, teremos de buscar destino para 40 mil toneladas em outros países”, afirmou Thesing.
Do volume anual vendido aos EUA, cerca de 30 mil toneladas são da variedade Virgínia, considerada fácil de negociar no exterior. Já as 10 mil toneladas do tipo Burley, de baixo teor de açúcar e alto teor de nicotina, têm pouca demanda fora do mercado norte-americano.
Situação atual do comércio exterior
Até o início deste ano, o tabaco brasileiro pagava tarifa média de US$ 0,375 por quilo para entrar nos EUA. Em abril, o valor subiu 10%, e agora foi acrescido da sobretaxa de 50%. Os Estados Unidos são o terceiro maior cliente do produto brasileiro.
No ano passado, o setor exportou 455 mil toneladas e faturou R$ 2,98 bilhões. A meta de crescer 10% em 2025 está comprometida, mas a receita não deve ficar abaixo de R$ 3 bilhões, segundo o SindiTabaco.
Dados do MDIC/ComexStat mostram que, de janeiro a junho deste ano, saíram do país 206.518 toneladas de tabaco, alta de 5,77% sobre o mesmo período de 2024, gerando US$ 1,36 bilhão.
Imagem: Felipe Krause via globorural.globo.com
Posição do Brasil no mercado mundial
O Brasil é o segundo maior produtor e o principal exportador de tabaco do planeta, seguido pela Índia, que vende cerca de 250 mil toneladas. União Europeia e Extremo Oriente absorvem 34% cada do tabaco brasileiro; África e Oriente Médio, 15%; América do Norte, 9%; e América Latina, 8%.
Entre os países compradores, a Bélgica lidera com US$ 639 milhões, acompanhada por China (US$ 585 milhões) e Estados Unidos (US$ 255 milhões). Egito, Indonésia e Vietnã completam a lista dos seis principais destinos, responsáveis por dois terços da receita anual do setor.
Valmor Thesing relata ter participado de diversas reuniões em julho na tentativa de incluir o tabaco entre as exceções da nova política tarifária. Ele ainda alimenta “uma pequena esperança”, lembrando que o governo Trump firmou acordos com outros países após ameaçar tarifas mais elevadas.
Com informações de Globo Rural
