A Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB) avalia que nações da Liga Árabe podem absorver parte das exportações do agronegócio nacional que ficarão menos competitivas nos Estados Unidos após a aplicação da tarifa de 50% anunciada por Washington. O estudo, que considera dados de 2020 a 2024, compara as alíquotas ad valorem cobradas pelos EUA com as praticadas pelos países árabes e aponta condições mais vantajosas nesses mercados.
Participação do agro nas vendas ao mundo árabe cresce
Em 2024, o agronegócio respondeu por 75,67% das exportações brasileiras à Liga Árabe, somando US$ 17,92 bilhões. O montante representa alta de 30,42% sobre 2023 (US$ 13,74 bilhões) e mantém a trajetória de crescimento iniciada em 2019, quando foram registrados US$ 8,06 bilhões.
Os destaques do ano passado foram:
- Açúcar: US$ 6,63 bilhões (+34,22%);
- Carne de frango: US$ 3,58 bilhões (+9%);
- Milho e outros cereais: US$ 2,46 bilhões (+28,04%);
- Carne bovina: US$ 1,75 bilhão (+57,72%).
Café e carne bovina despontam como alternativas
Segundo a CCAB, o café é o principal item passível de redirecionamento. Embora os Estados Unidos sejam o maior comprador — mais de 8 milhões de sacas de 60 kg em 2023 —, Arábia Saudita, Egito e Argélia vêm ampliando as compras e não aplicam tarifa de importação ao produto brasileiro.
A carne bovina congelada é outro candidato. Os EUA são o segundo destino desse item, atrás da China, mas Emirados Árabes Unidos, Egito e Arábia Saudita já figuram entre os dez maiores clientes. Nessas nações, a taxa de importação varia de 0% a 6%, patamar ainda inferior ao novo encargo norte-americano.
Madeira e mel também fazem parte do radar
Entre os produtos de madeira, Emirados, Arábia Saudita e Marrocos aumentaram as importações recentemente, porém a participação brasileira segue pequena, indicando campo para expansão, especialmente em itens de maior valor agregado, como portas e compensados.
O mel, cujo principal destino é o mercado norte-americano, surge como possibilidade adicional, desde que os exportadores se adequem à preferência árabe por embalagens prontas ao consumo, em vez de cargas a granel.

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Ações de promoção comercial
Para aproveitar as janelas abertas, a CCAB recomenda intensificar a promoção dos produtos brasileiros, fortalecer a diplomacia econômica e atender exigências como a certificação halal. A entidade propôs aos ministérios da Agricultura e das Relações Exteriores a criação de um grupo de trabalho que envolva adidos agrícolas nas embaixadas árabes.
O secretário-geral da CCAB, Mohamad Mourad, reforçou que café e carne bovina congelada lideram o potencial de deslocamento de volumes hoje direcionados aos EUA. Ele citou ainda o mel como oportunidade, desde que adaptado às preferências de embalagem dos importadores.
Apesar das tarifas mais baixas, a Câmara ressalta que cada país possui particularidades logísticas, tarifárias e regulatórias que exigem estratégia específica dos exportadores brasileiros.
Com informações de Globo Rural