Mesmo após os Estados Unidos elevarem para 50% a alíquota sobre diversos produtos brasileiros, incluindo a soja – a maior tarifa atualmente em vigor no mundo –, as cotações do grão no Brasil permanecem estáveis. A avaliação é da plataforma Grão Direto, que aponta a forte demanda externa e os prêmios elevados pagos nos terminais marítimos como principais sustentáculos do mercado.
Demanda chinesa mantém competitividade
Exportadores brasileiros continuam se beneficiando da preferência da China pela soja nacional. O país asiático mantém ritmo de compras mais lento, em parte pela ausência de aquisições da safra norte-americana, o que reforça o protagonismo sul-americano.
Embarques rompem recorde de cinco anos
Dados da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) indicam que o volume programado para embarque em agosto é o maior para o mês desde 2019. Até o fim de julho, o Brasil já havia expedido mais de 77 milhões de toneladas e segue no caminho de atingir a meta anual de 102 milhões de toneladas, apesar dos desafios logísticos para manter o ritmo nas próximas semanas.
Espaço nos portos começa a migrar para o milho
Com o avanço da colheita de milho, o cereal passa a ocupar maior espaço nos terminais, sinalizando transição gradual das operações enquanto a janela de escoamento da soja se fecha.
Prêmios resistem à valorização do real
Os prêmios portuários seguem elevados mesmo diante da apreciação do real frente ao dólar e de pressões externas, favorecendo especialmente a soja remanescente da safra passada, que registrou negociações intensas na última semana.
Fatores externos podem alterar cenário
A falta de avanços nas tratativas comerciais entre Estados Unidos e China mantém, por ora, a soja brasileira em vantagem. Esse quadro, contudo, pode mudar com a aproximação da nova safra norte-americana, quando a China tende a retomar compras nos EUA.

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Relatório do USDA e perspectivas de oferta
Nesta terça-feira, 12 de agosto, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulga atualização do Relatório de Oferta e Demanda. Analistas esperam aumento dos estoques finais da próxima safra, reflexo de maiores rendimentos das lavouras e desaceleração das exportações norte-americanas – fatores que pressionam as cotações na Bolsa de Chicago.
Cenário macroeconômico
Nos Estados Unidos, crescem as expectativas de corte de juros em setembro após indicadores mais fracos do mercado de trabalho. No Brasil, o Banco Central mantém discurso firme e admite juros elevados por período prolongado para conter a inflação.
As variáveis internacionais e a evolução da colheita norte-americana seguem no radar dos agentes, mas, até o momento, os prêmios nos portos brasileiros têm garantido sustentação aos preços da soja.
Com informações de Canal Rural