A tilápia produzida no Brasil continua com chances de ganhar terreno no segmento premium dos Estados Unidos, mesmo depois da tarifa de 50% imposta em agosto de 2025 pelo governo norte-americano. A conclusão é de um estudo da Embrapa, que destaca a qualidade do pescado nacional, a rastreabilidade e a redução da oferta chinesa como fatores de competitividade.
Impacto menor que o previsto
De acordo com o pesquisador Manoel Pedroza, responsável pelo levantamento, o chamado “tarifaço” freou as exportações, mas de forma menos intensa que o esperado pelo setor. No primeiro mês de vigência da nova alíquota, os embarques caíram 32% em comparação com agosto de 2024, percentual considerado inferior às projeções iniciais.
Estados Unidos são o principal destino
Os EUA respondem por mais de 85% da tilápia exportada pelo Brasil. O consumo per capita anual norte-americano é de 460 gramas, e a espécie já ultrapassou nichos asiáticos e latinos, alcançando público amplo. Em 2024, a tilápia foi o segundo peixe mais importado pelo país, com 185,5 mil toneladas (13% do total), atrás apenas do salmão (468 mil toneladas). O volume movimentou mais de US$ 740 milhões, ficando atrás de atum (US$ 860 milhões) e salmão (US$ 5,76 bilhões). A maior parte do produto consumido nos EUA vem da China, enquanto o Brasil ocupa a quarta posição entre os fornecedores.
Estratégias sugeridas
Para ampliar participação, o estudo recomenda priorizar a tilápia congelada — transporte mais barato, feito por navios — e investir em cortes diferenciados, produtos empanados, variedade vermelha e embalagens prontas para consumo. Entre os desafios apontados estão redução de preços, melhoria logística para o pescado fresco e obtenção de certificações internacionais.
Mercado interno em expansão
No Brasil, a tilápia lidera a preferência do consumidor. Dados da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe-BR) mostram alta de 93% no consumo per capita em dez anos, passando de 1,47 kg em 2015 para 2,84 kg em 2024. A produção nacional atingiu 662,2 mil toneladas no último ano.
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Oportunidades e barreiras na Europa
A pesquisa também analisou o mercado europeu, que suspendeu as compras de pescado brasileiro em 2018 por questões sanitárias. Caso o bloqueio seja revisto, a elevação dos preços da tilápia chinesa, motivada por custos maiores de ração e transporte, pode abrir espaço para o produto brasileiro, especialmente em filé fresco. No continente, porém, o consumo permanece restrito — 39 gramas por pessoa ao ano — e concorre com panga, polaca do Alasca e perca do Nilo. Para avançar, seriam necessários ações de marketing, participação em feiras e preços competitivos.
Produção mundial em crescimento
Entre 2013 e 2023, a produção global de tilápia subiu 43%, de 4,75 milhões para 6,78 milhões de toneladas, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). A China concentra 27% desse volume (1,8 milhão de toneladas), seguida por Indonésia (1,4 milhão), Egito (960 mil) e Brasil (440 mil).
Com informações de Globo Rural
