São Paulo – Usinas sucroenergéticas mencionadas em denúncia do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) por suposto envolvimento com fraude e lavagem de dinheiro comandadas pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) processam cerca de 2,5% da cana-de-açúcar do Centro-Sul do país, segundo cálculo do BTG Pactual. O banco avalia que, juntas, essas unidades moem aproximadamente 16 milhões de toneladas por safra.
A acusação do MP-SP aponta que o empresário Mohamad Hussein Mourad, ligado à facção, adquiriu, por meio de fundos de investimento, as usinas Itajobi e Carolo e pode ter comprado também a Usina Rio Pardo. Há ainda indícios de participação das usinas Furlan e Comanche, que teriam adotado práticas de sobrepreço na aquisição de matéria-prima e repassado recursos a empresas do ecossistema do PCC. A denúncia cita, adicionalmente, a Goiás Bioenergia.
Na quinta-feira, 28 de agosto, o MP-SP informou a realização da tomada de usinas em uma megaoperação, sem detalhar quais unidades foram alvo nem o procedimento adotado. Analistas do BTG, Thiago Duarte e Guilherme Gutilla, afirmam em relatório que o efeito sobre a oferta de açúcar e etanol dependerá da capacidade dessas plantas de manterem a moagem. Eles não descartam que a cana destinada às usinas investigadas possa ser redirecionada para unidades fora do esquema.
No mesmo dia 28, ações de empresas do setor sucroalcooleiro registraram alta na B3, movimento que continuou na sexta-feira, 29 de agosto. Em entrevista coletiva também na quinta-feira, Márcia Meng, superintendente da 8ª Região Fiscal da Receita Federal, afirmou que outras usinas podem estar envolvidas, sem revelar nomes.

Imagem: Wenders Araújo
Com informações de Globo Rural
