Um grupo composto por 25 redes varejistas e supermercados da Europa, majoritariamente britânicos, enviou nesta sexta-feira, 5 de setembro, um documento aos presidentes globais de cinco grandes tradings – ADM, Bunge, Cargill, Louis Dreyfus e Cofco – exigindo que continuem comprando apenas soja proveniente de áreas não desmatadas, mesmo que a Moratória da Soja volte a ser interrompida.
A carta também foi encaminhada à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, defensora do acordo ambiental. No texto, as empresas afirmam que “permanecem comprometidas com o fornecimento que elimina o desmatamento e cumpre a legislação de concorrência”. Caso o mecanismo setorial seja novamente suspenso, cada trading será avaliada individualmente segundo as políticas de compra de cada rede.
Os signatários – entre eles Tesco, Sainsbury’s e Greencore – destacam não se tratar de um pacto entre concorrentes, mas de decisões autônomas de abastecimento. O grupo classifica a medida preventiva do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que chegou a interromper a moratória em agosto, como “séria ameaça” ao acordo firmado em 2008 para impedir a comercialização de grãos produzidos em áreas desmatadas na Amazônia Legal.
Embora uma liminar da Justiça do Distrito Federal tenha restabelecido temporariamente a moratória, os varejistas defendem ações imediatas para afastar incertezas no mercado. “Caso ocorra qualquer suspensão da Moratória da Soja na Amazônia, esperamos que você esteja preparado para implementar imediatamente uma medida de conformidade”, afirma o documento.
Contexto da investigação
A área técnica do Cade acusou 30 exportadoras de soja e duas entidades – Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e Associação Nacional de Exportadores de Cereais (Anec) – de formação de cartel e indução à conduta uniforme. A apuração teve início após representação da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, com apoio da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT). A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) também apresentou denúncia em fevereiro.
Imagem: José Fernando Ogura
Segundo o Cade, a medida preventiva adotada buscou evitar “lesão irreparável ou de difícil reparação” ao mercado. O impasse sobre a moratória, entretanto, mobilizou clientes internacionais preocupados com a origem da matéria-prima.
Até que uma solução definitiva seja alcançada, os varejistas europeus prometem monitorar cada fornecedor de forma independente para garantir cadeias livres de desmatamento.
Com informações de Globo Rural
