O encerramento do prazo para a venda de três frigoríficos da Marfrig para a Minerva no Uruguai pode trazer reflexos favoráveis para ambas as companhias, segundo análise do Santander. O contrato, assinado em agosto de 2023, perdeu a validade na semana passada, de acordo com a Marfrig. A Minerva, por outro lado, afirma que aguarda a deliberação da autoridade antitruste uruguaia antes de considerar o acordo rescindido.
Visão do Santander
Em relatório, os analistas Guilherme Palhares e Laura Hirata avaliam que a Minerva se beneficia ao evitar riscos regulatórios, preservar liquidez e manter espaço para eventuais dividendos extraordinários. Já a Marfrig continua exposta ao mercado uruguaio, onde o ciclo de oferta de gado é favorável e a eventual elevação de tarifas dos Estados Unidos sobre a carne bovina brasileira pode sustentar resultados.
Os especialistas do banco entendem que o cenário é ainda mais vantajoso para a Minerva, que segue aproveitando o ciclo de alta do gado no Brasil enquanto reduz endividamento e alavancagem.
Situação regulatória
As plantas envolvidas no negócio ficam em San José, Salto e Colônia e seguem operando normalmente. A decisão final está nas mãos da Comisión de Promoción y Defensa de la Competencia (Coprodec), que já rejeitou tentativas anteriores de aprovação. Diante das restrições, a Minerva apresentou, em fevereiro deste ano, uma proposta alternativa: adquirir as três unidades e revender a planta de Colônia para a indiana Allana Group, especializada em carne halal.
O Santander estima que a Coprodec possa anunciar seu veredicto em setembro, mas ressalta que a resistência regulatória reduz as chances de liberação do negócio.
Imagem: Globo Rural
Avaliação do BTG Pactual
Para os analistas Guilherme Guttilla e Thiago Duarte, do BTG Pactual, o impacto do fim do contrato tende a ser menor do que se imaginava inicialmente. Eles lembram que os termos da transação nunca foram divulgados e, por isso, é difícil prever os próximos passos.
No cenário atual, a Marfrig está em processo de fusão com a BRF, o que diminui a relevância de vender ativos para reduzir alavancagem. Do lado da Minerva, o BTG calcula que a companhia teria de desembolsar R$ 675 milhões — ou R$ 750 milhões, considerando juros — para concluir a compra. As plantas gerariam cerca de R$ 100 milhões em Ebitda anual. Os analistas destacam que a Minerva já captou recursos para fortalecer seu balanço e vem entregando resultados com as aquisições integradas recentemente.
Com informações de Globo Rural