Tianjin, China – O presidente chinês, Xi Jinping, apresentou nesta segunda-feira (1º) a Iniciativa de Governança Global (IGG), plano que, segundo ele, pode servir de base para uma nova ordem internacional. O anúncio foi feito na 24ª cúpula da Organização para Cooperação de Xangai Plus (OCX), que reúne 10 países-membros, dois observadores e 15 parceiros.
A reunião contou com a presença de 20 líderes de nações não ocidentais, entre eles o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. Foi a primeira visita de Modi à China em sete anos.
Cinco princípios
Em seu discurso, Xi listou cinco pilares para a IGG: igualdade soberana entre Estados, respeito ao direito internacional, multilateralismo, abordagem centrada nas pessoas e medidas concretas. O líder chinês alertou que “a mentalidade da Guerra Fria, o hegemonismo e o protecionismo” ameaçam o sistema internacional criado após a Segunda Guerra Mundial.
“Todos os países, independentemente de tamanho, força ou riqueza, devem ser participantes, tomadores de decisão e beneficiários iguais”, afirmou. Xi defendeu “mais democracia nas relações internacionais” e maior representação de nações em desenvolvimento.
Contexto de tensões comerciais
O encontro ocorre em meio à guerra tarifária dos Estados Unidos contra rivais e aliados. A Índia, por exemplo, enfrenta tarifa de 50% imposta durante o governo Donald Trump, que também pressiona Nova Délhi a suspender compras de petróleo russo.
Promessas de recursos
Xi anunciou US$ 280 milhões em assistência a países da OCX e um empréstimo adicional de 10 bilhões de yuans para bancos do bloco. A organização mantém iniciativas conjuntas nas áreas de inteligência artificial, combate ao narcotráfico e energia limpa, entre outras.
Repercussão de Rússia e Índia
Putin afirmou que cerca de uma dúzia de países pretendem aderir à OCX, o que, segundo ele, demonstra “interesse no diálogo aberto e transparente” promovido pelo fórum. O presidente russo declarou apoio à IGG e sugeriu que a OCX “assuma papel de liderança na construção de um sistema de governança global mais justo”.
Imagem: Agência Lusa
Já Modi agradeceu a hospitalidade chinesa e, em rede social, destacou conversa “excelente” com Putin sobre comércio, fertilizantes, espaço, segurança e cultura. Ele disse ter discutido “solução pacífica” para o conflito na Ucrânia e classificou a parceria com Moscou como “pilar da estabilidade regional e global”.
Agenda paralela
A cúpula em Tianjin antecede as celebrações do 80º aniversário da vitória chinesa sobre o Japão e do fim da Segunda Guerra Mundial, marcadas para quarta-feira (3). A diplomacia de Pequim espera cerca de 50 chefes de Estado no desfile militar comemorativo.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores chinês, o diálogo entre Xi e Modi retoma o processo de aproximação iniciado em Kazan, na Rússia, durante a cúpula do Brics em 2024. A pasta afirma que a paz na fronteira e a retomada de voos diretos “beneficiam não apenas China e Índia, mas o mundo inteiro”.
Com informações de Canal Rural
